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19
Mai08

Balanço

por Gaja

Está quase. Faltam apenas uns dias para essa data. Mas apeteceu-me escrever sobre isto hoje. Aproveitar este bocadinho de tempo que tenho hoje. Porque não sei se nesse dia o irei ter.

Apetece-me hoje, escrever sobre este assunto. Talvez seja uma forma de o dar por encerrado ou talvez não. Dificilmente os assuntos da vida se encerram mas pelo menos chegamos a determinadas alturas em que os podemos arrumar, direitinhos e sem vincos.

Está quase. Faltam alguns dias para esse dia. O dia em que irá fazer 7 meses que me separei.

Poderia assinalar este dia ao fim de um ano, como mandam as normas. Mas não. Seria demasiado tarde. O número 7 tem uma tendência repetitiva para me acompanhar e interpreto-o quase sempre como um sinal. Neste caso não poderia ser diferente e está na hora de fazer um balanço.

Todas as relações começam e muitas relações acabam. A minha não acabou da melhor forma. Erros graves de parte a parte iam dando cabo daquilo que no fundo tinha ficado.

É estranho vermo-nos ao fim de alguns anos sem a nossa outra "metade". Sentimo-nos perdidos, desorientados, confusos. Tentamos reconciliações atrás de reconciliações a achar que desta é que é. Sentimos falta do cheiro, da pele, da voz, de rir das mesmas coisas. Sentimos a falta de nos ver juntos e não separados. Sentimos que nada faz sentido sem tudo isso e é tudo isso que nos confunde e que nos faz recuar quando a ideia era avançar. E é tudo isso que nos prende a essa pessoa. Isso e apenas isso. Quanto ao resto? O resto não irá mudar. Já houve tempo para isso e não mudou.

Hoje em dia dou-me por feliz, pois nenhuma tentativa de reconciliação deu resultado. E sei que ele também.

Em 7 meses tive ganhos extraordinários. O tempo tem sido o maior deles. Tempo para mim. Fiz as malas a dada altura e tenho andado numa viagem incansável à procura de mim mesma. Tenho-me encontrado por aqui e ali. Também acontece perder-me. Mas estranhamente cheguei a esta fase sem medo de continuar a percorrer o caminho, mesmo perdida, mesmo sozinha.

 

No outro dia estive com ele. Fomos tomar café. E rimos e contei-lhe os meus planos e contou-me as novidades e falámos sério e estávamos à rasca para fumar dentro daquela pastelaria e ainda rimos e fiz as pazes com ele e fiz as pazes comigo mesma.

Porque no fundo aquilo que ficou é isto.

 

Alguém me perguntou como é que eu pude ter ido encontrar-me com ele.

Eu sei porquê. E isso basta-me.

 

L.? Vá....tu não tocas mal guitarra. E só te digo isto agora porque já não tenho que te aturar a tocar a toda a hora....ufff ;)

E nesta até nem ficávamos nada mal pois não?

 

Rolling Stones

Wild Horses

 

 

 

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11
Abr08

Aqui há uns tempos li este excerto no blog da Pipoca.

Hoje fui procurá-lo no seu blog de origem e decidi publicá-lo para quem ainda não conhece.

Escrito por Fernando Alvim do blog Espero bem que não

 

 

 

Quando se gosta de alguém – mas a sério, que é disto que falamos – não há nada mais importante do que essa outra pessoa. E sendo assim, não há sms que não se receba porque possivelmente não vimos, porque se calhar estava a passar num sítio sem rede, porque a minha amiga não me deu o recado, porque não percebi que querias estar comigo, porque recebi as flores mas pensava não serem para mim, porque não estava em casa quando tocaste.

Quando se gosta de alguém temos sempre rede, nunca falha a bateria, nunca nada nos impede de nos vermos e nem de nos encontrarmos no meio de uma multidão de gente. Quando se gosta de alguém não respondemos a uma mensagem só no final do dia, não temos acidentes de carro, nem nunca os nossos pais se sentiram mal a ponto de nos impossibilitarem o nosso encontro. Quando se gosta de alguém, ouvimos sempre o telefone, a campaínha da porta, lemos sempre a mensagem que nos deixaram no vidro embaciado do carro desse Inverno rigoroso. Quando se gosta de alguém – e estou a escrever para os que gostam - vamos para o local do acidente com a carta amigável, vamos ter com ela ao corredor do hospital ver como estão os pais, chamamos os bombeiros para abrirem a porta, mas nada, nada nos impede de estar juntos, porque nada nem ninguém é mais importante, do que nós.

 

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01
Abr08

Por vezes...

por Gaja

...depois de um ponto final, poderá ainda surgir uma frase.

Uma frase que confunda, que esclareça, que nos faça recuar, avançar. Uma frase que traga cheiros e sons, gargalhadas e lágrimas. Uma frase que nos toque na pele acostumada pelo tempo. Tempo esse que insiste em ir dançando pelas boas memórias e secretamente apagando as más.

Poderá ainda surgir uma frase com palavras escritas a lápis num velho caderno e lida vezes sem conta por olhos cansados de alguém que tenta decifrar o mistério daquelas letras.

Inutilmente.

Melhor assim.

 

 

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18
Mar08

Nós

por Gaja

Chegaste, sem as pressas habituais a que me fui acostumando. Levada por uma curiosidade quase infantil, fui aos poucos, espreitando os recantos da tua vida e de ti próprio como se dependesse disso para seguir os meus dias, a minha vida.

Sem pressas, foste aos poucos, espreitando os meus. Sempre dessa forma especial que é só tua.

Ainda hoje, não encontro explicação para o que aconteceu. Tinha de ser assim, disseste tu uma vez. E talvez baste essa.

Hoje, apenas sei, que os dias que vão passando e os pormenores que os preenchem me levam ao teu encontro e tu do meu.

Certo dia, num banco de jardim, os meus olhos fugiram dos teus, fixos em mim. Agarrei-te nas mãos. Não te cheguei a dizer, mas nelas, coloquei a minha alma.

Por nós.

 

 

 

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28
Fev08

Palco

por Gaja

Estava escuro e ao fundo ouviam-se vozes. Encontrei a tua no meio de tantas e espreitei para ter a certeza.

Deixei-me estar...

Só a olhar para ti sem me poderes ver. Queria saber como te movias, os teus tiques, o teu gesticular, o teu sorriso e as tuas gargalhadas. Sem me poderes ver.

Deixei-me estar...

Ficaste calado. Fiquei a admirar os teus olhos postos num qualquer papel, absorto num qualquer pensamento. Talvez nas letras que estavam na tua frente, talvez noutra coisa...

Ouviu-se o arrastar lento de cadeiras. Pessoas começaram a sair. Passaram por mim enquanto me encolhia. Mas ninguém me perguntou nada. Era como se já soubessem.

Deixei-me estar...

Continuavas no mesmo sítio. Já não olhavas para o papel. Tinhas as mãos no queixo e os olhos postos num sítio longínquo onde guardavas os teus sonhos.

Entrei.

Ouviste os meus passos e olhaste para mim. Fiz-te o mesmo.

Continuei a caminhar, passei por ti e dirigi-me para perto do palco. Não se ouviu uma palavra na peça dessa noite. Não era preciso.

Senti apenas os teus braços a envolver-me, num segredo há muito esperado.

Deixei-me estar...

Agora contigo...e sempre...

 

 

 

(não....não ando a fumar coisas estranhas....continua a ser tabaco)

 

 

 

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23
Fev08

Cantos

por Gaja

Limpei a maior. Restavam alguns cantos. Não conseguia, não me chegavam lá os braços. Escureciam a casa aqueles cantos encardidos, tornava-a sombria e fria. Mas não consegui.

Continuei, vivendo com eles e os seus restos de poeiras passadas, tentando ignorá-los, olhando sempre para eles com ar de desprezo. Fechei as cortinas para que ninguém os visse. Não queria que ninguém soubesse que ainda tinha cantos por limpar. E que não conseguia.

 

Existem braços que prolongam os nossos....Consegui. Já não me envergonho dos meus cantos, agora limpos.

Abri as cortinas e o sol entrou. E com ele veio a surpresa, a vida, o encanto, a alegria, o calor, a felicidade e todas as coisas que o sol transporta com ele quando o deixamos entrar na nossa casa, na nossa alma.

Observando bem, agora que as cortinas estão abertas e a luz já entra, já não vejo os cantos da minha casa encardidos. Vejo-os sim, cobertos de cor branca e de paz...

 

 

 

 

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