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Teve de ser assim, provocado. Às 39 semanas a cabeça do bebé já estava muito em baixo, "Isto está já para hoje ou amanhã" disse-me a médica depois do toque e aconselhou-me, assim que começassem as contrações, a dirigir-me ao hospital.

Assim fiz no dia seguinte, talvez derivado ao toque a verdade é que comecei a sentir contrações ligeiras e algumas um pouco fortes...

No S Francisco Xavier tive um atendimento que deixou bastante a desejar. 7 horas foram as que passei ali dentro, apenas para me ligarem ao CTG (por umas enfermeiras trombudas) e para um toque feito às 3 pancadas por um médico que me tratou por tu (como se eu o conhecesse de algum lado). "Isso ainda não é para já...tens tempo".

Liguei à minha médica no dia seguinte e ela estranhou que tal tivesse acontecido, que se nada acontecesse nos próximos dia para ir ter com ela para novo CTG e toque.

Passou-se uma semana desde a última visita ao consultório. As contrações iam e vinham de forma desordenada. Depois do toque continuava com a mesma afirmação, de que o bebé já estava muito em baixo e que já tinha 2 dedos de dilatação. Apesar de ter ficado sempre fora de questão, fazer o parto com ela devido a trabalhar no hospital de Torres Vedras e sendo coisinha que não me fica muito em caminho, perguntei-lhe qual era a hipótese de nesta altura isso acontecer. Que sim, que fosse ter com ela no dia seguinte porque iria estar de banco à noite. Que mesmo que não fosse ela a fazer o parto, a equipa presente era de inteira confiança. (Só o facto de saber que ela estaria por perto me tranquilizava)

Nem pensei duas vezes quando surgiram as frases "o parto parece que terá de ser provocado de qualquer das maneiras" ou "o bebé pode entrar em sofrimento se deixarmos passar mais tempo".

 

No dia seguinte dei entrada no Hospital de Torres Vedras às 16h. Fui atendida imediatamente. Apesar de ter havido confusão da informação dada pela minha médica, que não me avisou que as induções de partos são sempre feitas da parte da manhã, graças a uma enfermeira espectacular (tenho pena, mas não me lembro do nome dela) que mexeu todos os "cordelinhos", pude ficar internada nesse dia.

Passado meia hora de entrar no Hospital e depois dos procedimentos iniciais, já eu andava com soro, a deambular pelo corredor com o meu gajo ao lado para ajudar a dilatação.

 

A seguir foi o que custou mais. Deitada numa cama ligada a um CTG à espera que as dores surgissem. A minha médica ia aparecendo de vez em quando a perguntar como eu estava. Numa das vezes tentou rebentar a bolsa das águas e quase não saiu líquido nenhum (bem eu podia estar à espera que ela rebentasse). Uma das hipóteses é que o liquido estaria todo na parte de cima mas que mesmo assim não seria muito.

E agora para dismistificar um pouco: fala-se muito das dores das contrações dos partos provocados, que são horríveis, que não se aguentam e coisas assim. Apesar de não saber como são as dores do parto natural e de ter levado a epidural a dada altura, a verdade é que as dores não me doeram tanto assim. Honestamente doeram-me mais as costas por estar deitada tanto tempo do que as contrações.

 

Por volta da meia-noite dei entrada no bloco de partos. Depois da epidural deixaram entrar o meu rapaz das laranjas, que by the way, foi incansável neste "processo" todo. Esteve comigo todo o tempo que o deixaram estar e quando não o deixaram até me enviou uma prenda pelas enfermeiras que se fartaram de rir com o boneco que vinha no embrulho:)

 

Ficámos ali os dois, Num ambiente super calmo, luzes baixas e música a acompanhar (juro!) . Agora era esperar que fizesse o resto da dilatação com a enfermeira a aparecer de vez em quando para ver como iam as coisas.

A minha médica já tinha aparecido anteriormente a dizer-me que apesar de estar na hora do descanso dela, quando chegasse a hora já tinha dado ordens para a chamarem.

E assim foi. Chegou a hora. Chegou a médica.

E o Dinis chegou passados talvez 20 minutos depois. Por muita força que tenha feito não adiantou muito pois o cordão era minúsculo e teve de ser de ventosa.

Mas correu tudo bem. Foi uma festa quando ele saiu!:) Colocaram-no em cima da minha barriga e a única palavra que pairava na minha cabeça era "quentinho" pois era assim que me sentia....tranquila por ver que ele era perfeito....sensação de "quentinho", conforto.

Abriu aquelas goelas imediatamente e teve nota 10 no teste Apgar! My boy rules! :)

Eu e o pai ficámos durante algum tempo a namorar o nosso pequeno pintaínho e passado um pouco fiquei eu sozinha com ele no quarto. A noite foi em claro está bom de ver.... :)

 

Tive de ficar na maternidade 2 dias (o usual) e fazia já planos para o dia da saída. O facto é que já estava farta de estar ali. Uma mulher que acabe de dar à luz não se atura e calharam-me duas no quarto que nem de madrugada se calavam. "E o parto foi assim e o parto foi assado...e eu faço assim e eu faço assado e mimimimimi e tecatecatecateca......"

 

No dia da minha alta, estando eu toda feliz por estar quase a sair dali só à espera da alta do Dinis, cai-me o mundo aos pés.

Dou comigo e o pai na UCERN (Unidade de Cuidados Especiais ao Recém-Nascido) a ouvir todas as normas daquela Unidade e explicação para o facto do Dinis ter de ficar ali. Acho que nem entendi muito bem ao início, nem queria acreditar. O bebé apresentava episódios de bradicardia (diminuição de frequência cardíaca) e seria melhor ficar na unidade para vigilância. Quando disse logo que ficava com ele informaram-me que tal não era possível, apenas durante o dia....a partir das 22h os pais teriam de se retirar e apenas no dia seguinte às 9h da manhã poderiam entrar para ficar todo o dia com os bebés.

Quando sai da Unidade às 22h desse dia e deixei-o lá nem estava em mim. Chorei que nem uma perdida. Nem queria acreditar que íamos voltar para casa sem o nosso bebé.

Aquilo que pensei que se resolvesse no dia seguinte arrastou-se por mais 3 dias (fim-de-semana e mudança de médicos penso que contribuiram para a situação). Viagens Lisboa-Torres Vedras fizeram parte da rotina nesses dias. Tudo isso não ajudou em nada a minha recuperação, com os pontos que tinha levado havia alturas em que mal andava.

Quando a médica de serviço disse que não havia mais motivos para o Dinis continuar ali, pois não tinha acontecido mais nenhum episódio de bradicardia, ficámos loucos de alegria e suspirámos de alívio.

 

De toda esta experiência fica comigo a recordação de excelentes profissionais. Da minha médica (Dra Lurdes Benazol) fica o agradecimento sentido de todo o acompanhamento que me tem feito e da acção que teve para comigo na hora do parto.

Do Hospital de Torres Vedras também trago boas recordações. Apesar de achar que no período pós-parto as mães são deixadas um pouco por sua "conta e risco" não tenho nada a apontar a toda a equipa que faz parte da maternidade.

E depois a equipa de enfermagem da UCERN. Todos, mas todos sem excepção, uns queridos. Sempre prontos a ajudar e a tirar todas as dúvidas relacionadas com bebés. Ficámos acima de tudo mais descansados pois tínhamos a certeza que o nosso pintaínho era bem tratado na nossa ausência.

 

 

E finalmente trouxemos o Dinis para casa! Yupiiiiii

E a seguir a isso começaram as noites mal dormidas!! Yupiiiiii :)))

 

 

                                 continua.....

 

 

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1 comentário

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De Helena a 29.03.2011 às 11:39

Viva o Dinis!

São recordações que ficam para sempre, detalhes, cheiros, sensações que vamos "sentir como se tivesse sido ontem", é fantástico. Mas o melhor é que a nossa memória é selectiva e os momentos menos bons são como que apagados.

Fico à espera da próxima crónica.

Beijinhos

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