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25
Jun13

2 minutos

por Gaja

Já sabíamos que não ia ser fácil. Mas chega a uma altura em que tudo toma porporções gigantescas.
Em que um iogurte liquido derramado em cima do pijama acabado de vestir, da cadeira, do chão, eu sei lá, faz com que fuja dali, nem que seja por 2 minutos. Porque não pode ser mais, porque não posso dizer ao pai "atura-o aí um bocadinho agora", porque o pai está a centenas de quilómetros de distância, porque quase ao fim de 2 meses o meu pequenito começa a apresentar alguns sinais de incómodo pela ausência do pai, das saudades que não sabe gerir, de não entender porque o pai não entra por aquela porta como sempre o fez antes.

Por isso só posso fugir por 2 minutos. 2.

E nos intervalos destes 2 minutos tenho de gerir a roupa que está para lavar e passar, a sopa que está por fazer, decidir o que fazer ao jantar, organizar o dia seguinte, gerir o trabalho, atender telefonemas, responder a emails, limpar ranho, pôr soro, ligar a maquineta dos vapores, arrumar brinquedos, dar comida a 8 gatos, lavar louça, ir comprar material, ir às compras para a casa, levar um raspanete porque às vezes levo o miúdo tarde para a creche (tivessem-se deitado às 4 ou 5 da manhã e eu sempre queria ver se estavam frescas às 8), aturar birras, muitas, demasiadas agora, fugir mais 2 minutos, voltar, desabafar com o rapaz por telefone, ter saudades do rapaz a rodos, sentir que o rapaz está triste e não poder fazer nada, fingir que está tudo bem quando estou com o pequenito, rir, cantar, cócegas....

 

Será esta a realidade de muitas e muitas mães por este país fora. E quase que aposto que todas elas sentem, de vez em quando, vontade de fugir.
Nem que seja por 2 minutos.

 

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