A vidinha de uma gaja

Hoje, durante a hora de jantar deu-nos para a nostalgia, o meu gajo e eu. De vez em quando dá-nos para isto. Começamos a falar de recordações e a recuar alguns anos. E vamos sempre lá parar. À década de 90. Nessa altura éramos adolescentes, fomos apelidados de Geração Rasca sem que nunca tivessemos entendido alguma vez o que isso era. Talvez por não termos computadores e motores de busca para pesquisar fosse o que fosse, nem programas para fazer downloads das músicas que gostávamos. Quando queríamos saber alguma coisa, perguntávamos a alguém ou então íamos a bibliotecas ou consultávamos as enciclopédias lá de casa. Quanto à música, se não tívessemos dinheiro para comprar o cd que tanto queríamos, era ficar na esperança que algum amigo o tivesse e o emprestasse para gravar numa cassete. 

Quando fui ao Estádio de Alvalade ver Metallica, antes de o concerto começar, perdi-me dos meus amigos. Nessa altura, para quem não sabe, não se usavam telemóveis. Não havia forma de os contactar. Receando pela minha integridade física achei melhor ir-me embora. Inclusivé, esse episódio ficou conhecido como: " O concerto dos Metallica que eu não vi".

Mas vi o dos Guns N´Roses, apanhei bebedeiras a ouvir Nirvana, dancei nas discotecas ao som dos The Cult e fiz introspecções a ouvir Pearl Jam.

Por todas estas razões, esta foi para mim a década de ouro, em que não tínhamos muitas facilidades, é certo, mas as coisas descobertas e atingidas tinham um gostinho especial que eu sei que nunca mais vou ter na vida. Nem eu nem ninguém, pois as décadas não se repetem.