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E depois da cadela, dos peixes, de algumas aranhas, de minhocas no quintal, de uns Louva-a-Deus esporádicos, agora também temos cá este. Mas acho que veio para ficar. Está ali há uns dias em cima das minhas violetas e não arreda pé. Acho que vou começar a cobrar estadia ao gafanhoto, o que é que acham?
Sabem quando é que eu sei que uma música é mesmo excelente, fantástica, maravilhosa?
É quando percebo que não sei fazer nem metade dos acordes dessa música na viola.
A palavrasnosilencio fez-me um desafio que consiste em nomear as 7 maravilhas da minha vida. Vou já avisando que sou como o Eremita e que gosto de quebrar correntes. Então quando recebo daqueles mails a avisarem-me que, ou eu reenvio para 7859 pessoas ou então poderei muito bem partir uma tíbia ao sair de casa, é quase certo que o apago logo de seguida, e vou a correr à rua para ver o que é que me acontece. Continuo inteira. Por isso não vou fazer o desafio a mais ninguém, até porque as pessoas têm a sua vidinha com casas para arrumar, roupa para passar a ferro, dar uma lavadela com a esfregona no hall de entrada, e não estão para isto.
Bem, mas vamos ao que interessa.
And the seven wonders are:
Casa- Tenho onde morar, uma cama para dormir. Não sei o que é dormir ao relento.
Comida- Sempre que vou à despensa está cheia, principalmente quando vêm cá os senhores do Continente. Não sei o que é passar fome.
Trabalho- Apesar de por vezer ser complicado, gosto do que faço. Trabalhar com idosos deu-me outra prespectiva de vida. Gosto de estar ocupada e sei que sou produtiva. Já soube o que é estar desempregada. Hoje não sei.
Dinheiro- Esse vil metal, mas que dá um jeitão. Não tenho muito, mas tenho o suficiente. Não sei o que é estar com os bolsos completamente vazios.
Saúde- Não tenho nenhuma deficiência física. Não tenho nenhuma doença. Não sei o que é passar a vida a correr para os hospitais, não sei o que é andar numa cadeira de rodas, não sei o que é não ver, falar ou ouvir.
Paz- Faz parte da minha paz pessoal, todas as pessoas que me rodeiam, família, amigos, o meu gajo. Convivo harmoniosamente com todos eles. Não gosto de discussões, só quando necessário e detesto gritos.
Apesar de viver num país em que por vezes deixa muito a desejar, ainda não tenho medo de andar pelas ruas. Ainda não ando armada. Não sei o que é viver em guerra.
Felicidade- É originada pelas 6 maravilhas atrás descritas. Procuro não ser infeliz.
Conheci-o pela net. Sim, as relações também podem surgir através de um simples computador. Não é um mito.
Foi um acaso. Frequentava um chat em que já era hábito falar com determinadas pessoas. Eram os meus "amigos virtuais". Claro que por vezes calhava falar com pessoas pela primeira vez, mas aborrecia-me o tipo de conversas, sempre aliadas a engates fáceis que não me interessavam minimamente.
Naquele dia ele meteu conversa comigo. Foi muito honesto, disse que era casado há mais ou menos 3 anos. Porreiro, pensei eu, este pelo menos não me vai chatear com conversas de chacha. Demorava imenso tempo a escrever, as andanças na net eram recentes, portanto enquanto esperava pela resposta dele falava ao mesmo tempo com 4 ou 5 pessoas. Até que ele me diz que tem 2 pastores alemães. Alto e pára o baile!!! Tens o quê? A partir daí desinteressei-me pela conversa com os 4 ou 5 e concentrei-me apenas na dele. Eu tinha uma paixão por pastores alemães, tinha tido 2 também quando era criança e era uma raça que me fascinava.
A partir desse dia o contacto era quase diário. Trocámos o endereço do messenger e passámos a contactar-nos por aí. Por vezes falávamos todos juntos, eu, ele, uma rapariga, e um rapaz que eu já conhecia a algum tempo da net.
Para mim ele tinha algo de especial, já na altura o sentia, mas do que eu menos precisava era de problemas para a minha vida, até porque tinha acabado um relacionamento complicado recentemente e não estava para aventuras.
Um dia pediu-me a foto e eu pedi-lhe a dele. Disse que eu era muito bonita e eu disse-lhe que era parecido com o Ayrton Senna. Achou graça. Pediu-me o nº do telemóvel e eu dei-lhe. Passado uns tempos ligou-me. Nem me lembro bem do que falámos, lembro-me apenas da sensação de já conhecer aquela voz à imenso tempo.
Certo dia, o grupinho da net decidiu que nos encontrássemos todos pessoalmente, até porque morávamos todos relativamente perto e não era nada de complicado. Combinámos um sítio para irmos beber café e assim foi.Na tarde que antecedeu o encontro, revelou-me que tinha um filho pequenino com 3 anos. Fiquei furibunda, mas porquê não me contou aquilo mais cedo? Pediu imensas desculpas e disse que teve apenas medo de me afugentar. Como se crianças afugentassem alguém, mas de certo modo tornava o caso um pouco mais complicado. Casado e com um filho! Bonito, onde é que me estou a meter?...Anyway, o encontro deu-se na mesma. Ele foi o último que vi. Não vou negar. Aquilo que eu já sentia nas nossas conversas, não ficou abalado pelo encontro. Depois disso ainda passámos a conversar mais um com o outro, quer pela net, quer pelo telemóvel.
O ponto de viragem desta relação de "amizade", como nós tentávamos transparecer um para o outro, aconteceu num dia em que me enviou um mail a dizer-me para ouvir a faixa nº tal do cd do Lenny Kravitz, pois era aquilo que ele sentia. Por sorte tinha esse cd e fui ouvir. " I just can´t get you off my mind". Mais tarde perguntei-lhe o que queria dizer com aquilo e só me respondeu: Foi o que ouviste.
Queixava-se do casamento, que já nem o filho o prendia ali. Eram discussões a toda a hora. Um ambiente péssimo para uma criança segundo ele dizia. Sempre lhe disse que nem sempre as relações são fáceis mas que se não estava bem que se mudasse. Simples não?
Sempre fui muito directa e de certo modo dizia-lhe estas coisas também para o pôr à prova. Afinal o que ele queria de mim? Porque sinceramente nunca me passou pela cabeça ter algum tipo de relação com ele enquanto fosse casado.
Ainda nos encontrámos mais algumas vezes, mas sempre em grupo. E de todas as vezes eu sentia que havia algo que nos unia. Nem sabia bem explicar o que era.
Saiu de casa, pediu o divórcio.
Continuámos a tratar-nos apenas como amigos. Fomos uma vez todos juntos a Évora, com o pessoal. Passámos um dia espectacular. Quando voltámos para Lisboa fomos todos jantar. Ficou sentado ao meu lado. E aí tive uma estranha sensação de conforto, como se o lugar daquela pessoa desde sempre pertencesse ali, perto de mim.
Começámos a sair só os dois. Sem o grupo. Pássavamos horas a conversar. Quando ele me ia levar a casa ficávamos dentro do carro até às 3, 4, 5 da manhã.
O primeiro beijo surgiu numa dessas noites. Lembro-me perfeitamente da sensação que tive ao acordar na manhã seguinte. Um misto de euforia, felicidade. Finalmente encontrara alguém que me completava por inteiro.
Quando estávamos separados era complicadíssimo, morríamos de saudades um do outro e ao fim de 9 meses ele diz-me: Porque não vens viver comigo? E eu fui.
Estamos juntos há quase 5 anos e continuo a morrer de saudades sempre que não está perto de mim como aconteceu esta semana. E eu sei que ele também...
Este texto é dedicado a ele. Que eu amo muito porque é o meu Gajo.
Eu sei, isto hoje foi um bocado extenso, mas era para partilhar com vocês mais um retalho da vidinha da Gaja. E também para mostrar que o amor existe. Não precisam é de se preocupar muito em o encontrar. Ele vem ter convosco, quando menos estiverem à espera...
Da primeira vez que o vi, chorei no final. Mas não se pense que foram apenas umas lágrimas. Eu literalmente solucei a chorar. Pensei para mim: Mas que estranho. Porque choro desta maneira?
Da segunda vez que o vi pensei: Eu desta vez já estou preparada. Já sei o final e tudo! Mas não. De novo, aconteceu-me o mesmo.
Ontem vi-o pela terceira vez. Achei que se me acontecesse aquilo de novo teria de o classificar como o filme da minha vida. E aconteceu.
Só ontem o entendi na sua plenitude. Só ontem entendi a razão.
É um filme que do príncipio ao fim mexe com as minhas emoções. Todas, mas todas mesmo.
A história é simples. Conta a história de um pequeno rapaz (Totó), o seu fascínio pelo cinema e a sua amizade com o projeccionista( Alfredo) da aldeia onde viviam.
A foto que aparece neste post é de uma cena do filme em que Alfredo decide projectar o filme que estava a ser exibido no cinema para a parede de uma das casas situada na rua, para que aqueles que já não cabiam na sala pudessem também assistir ao filme ali mesmo na praça da aldeia. Totó acha aquilo maravilhoso.
"Cinema Paraíso" é partilha, amizade, ternura. O cinema, é o tema central. Mostra-nos tudo o que nos faz sentir ao ver apenas um filme. Riso, choro, nostalgia, saudade, paixão. E este filme é sublime por isso mesmo. Ontem o entendi. Por transmitir todas essas emoções num só. O final é belíssimo, aliás, nunca vi um filme ser tão coerente no seu final como este, pois todas as emoções transmitidas ao longo da fita estão todas ali...no fim. Por isso já compreendi o porquê de tanto choro. E estou cá desconfiada que me vai acontecer de novo na próxima...
Tenho que ir trabalhar hoje.
Acabaram-se as férias.