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05
Dez07

Hoje, foi um dia normal, igual a tantos outros.

A Gaja riu, disse piadas, animou as colegas, foi dar uma volta e beber um café com elas, conversou, cantou, gozou, fez gracinhas aos velhotes, meteu uma delas de castigo enquanto não comesse a sopa toda, fez os velhotes rir. Um dia igual a tantos outros....

Porque é que ela veio falar comigo?

Porque é que aquela senhora não foi falar com outra pessoa?

Porque é que ela chorou enquanto eu falava com ela?

Porque é que me revi naquele olhar velho e cansado cheio de lágrimas?

Porque é que ao olhar para ela, olhei para dentro de mim?

Já deve estar a dormir a esta hora. E nem ela irá sonhar ou ter pesadelos com aquilo que se passou. Nem na sua intuição natural irá algum dia perceber como me tocou.

"Desculpa Universo, porque eu existo."....é assim a sua forma de apresentação.

Temos isso em comum. Hoje o senti.

E senti-o tão fundo que meti-me debaixo de um chuveiro e chorei até não distiguir as lágrimas das gotas de água. Chorei aquilo que ainda não tinha chorado.

Quis chorar tudo o que tinha guardado.

Mas não.

A Gaja nunca pode chorar tudo.

Tem de ser forte,  rir e fazer rir, mesmo quando não tem vontade. Tem de mostrar que está bem, não se passa nada.

Aquilo há pouco não passou de um precalço. Ela chorou, deu-me um beijo e eu disfarcei as lágrimas. Ninguém deu por isso.

Vou sair daqui a pouco. Merda! Estes olhos inchados que sempre me traiem. Tenho que disfarçar. Ninguém vai dar por nada.

Amanhã, os olhos vermelhos e inchados irão estar normais.

E a Gaja vai rir e fazer rir....

 

 

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