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Hoje, foi um dia normal, igual a tantos outros.
A Gaja riu, disse piadas, animou as colegas, foi dar uma volta e beber um café com elas, conversou, cantou, gozou, fez gracinhas aos velhotes, meteu uma delas de castigo enquanto não comesse a sopa toda, fez os velhotes rir. Um dia igual a tantos outros....
Porque é que ela veio falar comigo?
Porque é que aquela senhora não foi falar com outra pessoa?
Porque é que ela chorou enquanto eu falava com ela?
Porque é que me revi naquele olhar velho e cansado cheio de lágrimas?
Porque é que ao olhar para ela, olhei para dentro de mim?
Já deve estar a dormir a esta hora. E nem ela irá sonhar ou ter pesadelos com aquilo que se passou. Nem na sua intuição natural irá algum dia perceber como me tocou.
"Desculpa Universo, porque eu existo."....é assim a sua forma de apresentação.
Temos isso em comum. Hoje o senti.
E senti-o tão fundo que meti-me debaixo de um chuveiro e chorei até não distiguir as lágrimas das gotas de água. Chorei aquilo que ainda não tinha chorado.
Quis chorar tudo o que tinha guardado.
Mas não.
A Gaja nunca pode chorar tudo.
Tem de ser forte, rir e fazer rir, mesmo quando não tem vontade. Tem de mostrar que está bem, não se passa nada.
Aquilo há pouco não passou de um precalço. Ela chorou, deu-me um beijo e eu disfarcei as lágrimas. Ninguém deu por isso.
Vou sair daqui a pouco. Merda! Estes olhos inchados que sempre me traiem. Tenho que disfarçar. Ninguém vai dar por nada.
Amanhã, os olhos vermelhos e inchados irão estar normais.
E a Gaja vai rir e fazer rir....