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"...Mais ainda, deixe-me dizer-lhe uma coisa que não confiei ainda a ninguém. A minha avó tinha uma teoria muito interessante, dizia que embora todos nasçamos com uma caixa de fósforos no nosso interior, não os podemos acender sozinhos, precisamos, como na experiência, de oxigénio e da ajuda de uma vela. Só que neste caso o oxigénio tem de vir, por exemplo, do hálito da pessoa amada;  a vela pode ser qualquer tipo de alimento, música, carícia, palavra ou som que faça disparar o detonador e assim acender um dos fósforos. Por momentos sentir-nos-emos deslumbrados por uma intensa emoção. Dar-se-á no nosso interior um agradável calor que irá desaparecendo pouco a pouco conforme passa o tempo, até vir uma nova explosão que o reavive. Cada pessoa tem de descobrir quais são os seus detonadores para poder viver, pois a combustão que se dá quando um deles se acende é que alimenta a alma de energia..."

De Laura Esquivel em "Como Água para Chocolate"

 

 

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Antes de divulgar os resultados, queria antes de mais, exercer o meu direito ao voto. Até porque a tasca é minha e que eu saiba ainda mando alguma coisa aqui.

 

Apesar de ter gostado bastante dos quatro, o meu voto vai para o texto do I am You. Por nenhuma razão em particular mas apenas porque achei aquele texto ir mais de encontro aquilo que eu pretendia para a continuação da história.

 

Agradeço a todos quantos votaram.

E os resultados são:

 

Mil Sorrisos  11 votos

Just Girl         4 votos

Ladybug         2 votos

I am you         2 votos

 

E está fácil de ver. A vencedora é...... Mil Sorrisos

 

E o seu texto já está publicado no Blog conto Eu ou contas Tu.

Parabéns Mil Sorrisos! Bj da Gaja

 

 

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...de ouvir uma guitarra eléctrica... 

 de tocar uma guitarra folk...

e de cantar Blues...

 

 

Jonh Lennon

Yer Blues

 

 

Os quatro meninos do vídeo são: Jonh Lennon, Eric Clapton, Keith Richards e Mitch Michel (baterista do Jimi Hendrix)

 

 

 

 

 

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26
Mar08

Eu não gosto

por Gaja

Inspirada neste post da Isa decidi fazer algo de semelhante. Mas como sou do contra, vou, como não poderia deixar de ser,  fazer a coisa ao contrário. Em vez do "Eu gosto", vai ser o "Eu não gosto".

E como diria a Isa:

então cá vai

 

Não gosto de aletria, não gosto de café fraco, não gosto de sopas aguadas, não gosto das manhãs, não gosto do frio de rachar, não gosto do calor abrasador, não gosto de mudanças de atitudes, não gosto de pessoas ressabiadas, não gosto da inveja, não gosto de me deitar cedo, não gosto de telenovelas, não gosto de usar saias, não gosto de gritos, não gosto de ser enganada, não gosto do governo (fica sempre bem dizer isto...), não gosto atitudes despropositadas, não gosto de quem gosta de se fazer de vítima, não gosto de bonecas de porcelana, não gosto de peluches gigantes, não gosto de esperar por uma sms, não gosto de sítios com muita gente, não gosto de confusões, não gosto de discussões, não gosto de meias palavras, não gosto que me digam "não sei", não gosto de filas de espera, não gosto que falem perto da minha cara, não gosto de cobras, não gosto de pessoas coninhas*, não gosto de fracos, não gosto de ver os meus amigos mal, não gosto de injustiças, não gosto de desconfiar, não gosto de limpar o pó, não gosto de dizer bom dia, não gosto de me levantar cedo, não gosto de ver pouco o meu irmão, não gosto de não me lembrar ou de não me apetecer escrever o que mais não gosto....mas gosto de saber que há tanta coisa que não gosto...

 

 

* Entenda-se por uma pessoa coninhas o seguinte (e aprendam comigo que eu não duro sempre) : Uma pessoa coninhas, por norma, nunca se chateia com nada. Podemos mandar-lhe três basaltos da calçada no meio da testa, gritar-lhe quatro ou cinco asneiras ao ouvido, que aquela carinha nunca muda de figura. Transporta sempre um sorriso parvo e um ar angelical. Uma pessoa coninhas nunca fala alto e acaba quase sempre as palavras que diz, em inhos e inhas. É típico desta espécie mostrarem aos outros o quanto as suas vidas são perfeitas....os filinhos....os maridinhos....as mulherzinhas.....a casinha.....o cãozinho......o carrinho.....

Enfim...uns coninhas é o que é...

 

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Vou já avisando: isto vai ser longo.

Para facilitar a escolha do texto para a continuação da história do blog conto Eu ou contas Tu, decidi publicá-los todos neste post.

 

Foram quatro os participantes:

 

I am you do blog I am you

Ladybug do blog Baby Steps

Mil Sorrisos do blog Mil Sorrisos

JustGirl (sem blog conhecido)

 

Depois de lerem os quatro textos (sim, eu sei, dá um trabalho do caneco mas vocês conseguem), de encontrarem o vosso favorito e também aquele que vai mais de encontro à continuação da história, apenas têm de deixar o nome do autor que escolheram na caixa de comentários. Simples não?

Ah! E já me esquecia. Têm quatro dias para o fazerem. No sábado irá ser publicado o texto mais votado no blog conto Eu ou contas Tu.

E porquê quatro dias, perguntam vocês.

Porque sim! Ou não posso? Ah....pensei...

 

E agora seguem os textos. Divirtam-se.

 

 


 

I am you

 

Bruno enrosca-se ainda mais no casaco que o protege do vento frio que sopra de norte. Deixou os amigos na discoteca e decidiu ficar só, por momentos, no velho jardim que lá de cima namora a cidade. Faz hoje dezoito anos e quer sentir o peso pluma de tão poucos anos vividos e da vida futura que se avizinha. Na sua cara floresce uma barba que teima em despontar mas que ele gosta de acariciar como se fosse aquele o sinal da sua recente maioridade. Um pouco ébrio pelas imperiais bebidas ao jantar e por uma vodka laranja emborcada na discoteca, Bruno cerra os olhos e deixa que a rispidez do frio o embale numa sonolência quase confortável.
A meia dúzia de metros a seu lado, um vulto envolto numa capa negra como aquela noite, aproxima-se do frágil muro que circunda o jardim, subindo-o e mantendo-se num equilíbrio precário. Amparada pelo vento, aquela sombra negra dançava o que poderia ser a sua última dança, isto porque um pé em falso seria o suficiente para uma queda considerável, acabando em morte certa.
Bruno olhando para aquele bailado dantesco, de um salto agarra-a por um braço, puxando-a para trás, acabando estatelados no chão. Como se de um felino s e tratasse aquele corpo que ele tentava dominar, cravava-lhe as unhas por debaixo da roupa, provocando-lhe dor. Num repente, Bruno consegue passar para cima daquele ser que parecia possuído por uma força de outro mundo. Num último esforço, consegue-lhe prender as mãos com as suas, e por fim vislumbra-lhe o rosto. De uns olhos lindíssimos, mas carregados de raiva e tristeza brotavam pesadas lágrimas. Esta era Laura.

Ladybug

 

Catarina começava a estalar de impaciência. Se por um lado tinha vontade de se render ao sono, por outro, queria esperar por Bruno. Devia-lhe isso. Afinal, ele tinha ido à rua de propósito comprar leite para ela. Não tinha que o fazer. A “exigência” do leite tinha-lhe saído da boca num impulso. Não era pelo leite... Queria estar presente na vida dele, mas não queria tornar-se apenas mais um hábito para ele... como o whisky ou o leite... Queria apenas participar dos rituais dele, queria partilhá-los com ele. Queria sentir o que ele sentia quando bebia o leite. Se era importante para ele, seria importante para ela.
 
E não queria que ele a tomasse como certa.  Tinha entrado nesta relacção meio a medo, meio curiosa. Era nova na empresa quando se conheceram. Ainda mal estava recomposta do seu divórcio quando conheceu o Bruno. Tinha-se instalado em Lisboa há pouco tempo, conhecia pouca gente e as pessoas que conhecia eram, na sua maioria, conhecimentos profissionais. Por isso, quando o seu trabalho se cruzou com o de Bruno, por força das circunstâncias, a proximidade acabou por ser inevitável. Com o tempo foram-se conhecendo melhor, e Catarina começou a dar consigo a querer antecipar as reuniões com ele, a pensar nele com frequência, a inventar desculpas para falarem. Havia algo nele que a encantava. Havia algo nele que a fazia sentir segura e pressentia que as coisas seriam diferentes desta vez. E quando ele a convidou para jantar, sem qualquer pudor,  com o seu sorriso engraçado e ar distraído, não pôde recusar. Tinha-se apaixonado por ele. E desde então tinham-se tornado no porto de abrigo um do outro...
 
Quanto ele lhe contou do seu problema com o alcool, ficou surpreendida apenas. Tinha-o posto num pedestal. Sempre com um pé atrás, sim, mas... até à data não lhe conhecia “defeitos”, por isso, ficou efectivamente surpreendida. Nada mais do que isso. Ela sabia o que era ter telhados de vidro. Oportunamente, também ela teria uma história para partilhar com ele. Mas primeiro tinha que encontrar Laura, falar com ela, saber como ela estava, por um ponto de final naquela história. Laura era irreverente, extravagante, impulsiva e ela era o reverso da medalha. Doce, ponderada, calma, afectuosa. Nunca quis que as coisas tivessem acabado assim... E agora que estava de volta a Lisboa, sabia que tinha que a procurar.
 

 
Mil Sorrisos
 
Agora,  rever Laura, naquele contexto, era completamente surreal. Como? Porquê? Para quê? Cedo teria respostas...
- Surpreendido? – disse ela, entre duas baforadas num cigarro que segurava, graciosa e sedutoramente, com os dedos finos e unhas pintadas de vermelho.
- Que pergunta é essa??? Claro??? O que se passa afinal?
Entretanto, discretamente, Paula tinha-os deixado sós.
- Parece um complô de mulheres do meu passado! Explica-te depressa que tenho alguém à minha espera.
- Mulher, presumo – atirou Laura com um risinho irónico.
- Não interessa –desconversou Bruno - O que se passa afinal? Fui trazido à força sob a ameaça de uma arma de fogo. Isso é um crime, sabias?
- Calma, calma, calma. Sempre foste muito stressado.
Laura levantou-se, revelando o seu corpo sinuoso e atraente. Os anos não tinham passado por ela. Continuava a ter uma presença forte e altiva, a quem ninguém ficava indiferente. Sempre tivera perfeita noção do ascendente que conseguia ter sobre os outros, principalmente homens, e nunca tivera pudor em tirar partido disso. Aproximou-se de Bruno, que permanecia sentado no canto da sala mais protegido pela penumbra.
- Ainda bebes muito leitinho antes de adormecer? – perguntou Laura, cada vez mais perto de Bruno.
- Olha qu´isto! Afinal, que treta é esta? Alguma partida de mau gosto?
Subitamente, uma voz familiar.
- Bruno, Bruno, tem paciência e tudo compreenderás - disse Catarina que entrara sorrateira e silenciosamente na casa. Estava acompanhada de Paula que já não empunhava a arma.
Então não tinha deixado a Catarina em casa... ?? Não percebia nada.
- Mas... Como...???? – Bruno estava completamente atordoado e à beira de um colapso nervoso.
- Contas-lhe tu, Laura?

 
JustGirl
 
Analisando friamente o tipo de relacionamento que teve com Laura, Bruno concluiu mais tarde que Laura era na época uma espécie de predador, que procurava uma presa mais nova e frágil, sequiosa por novas experiencias e aprendizagens... Era demasiado “senhora do seu nariz” para que fosse possível construir uma relação com alguém. Daí afirmar que nunca casaria com ninguém. Na altura Bruno pensava que seria ele que iria mudar Laura, que iria casar com Laura… mas era apenas um miúdo de 18 anos apaixonado. Não tardou para que Laura passasse para a presa seguinte, deixando Bruno com uma sensação de vazio tão desconhecida como todas as outras sensações que Laura lhe tinha mostrado… Talvez por isso Bruno continuou sempre a estremecer apenas ao recordar o que viveu com Laura. Foi um marco na sua vida, e ficou de tal forma hipnotizado, que apesar dos anos passarem… sentia uma volúpia incontrolável quando pensava em Laura. Desde há alguns anos que nada sabia dela… até que a viu… naquele sofá, olhando-o fixamente como sempre fez… de uma forma que desarmava o menino de 18 anos que ainda existia dentro dele.
“E a Catarina lá em casa… “ – pensava Bruno.
Laura continuou a olhar para Bruno durante alguns minutos sem nada dizer, até que quebrou o silêncio dizendo:
                - Vem cá, senta-te! Temos imenso que conversar… a vida mudou… os anos passaram…
Bruno estremeceu! Voltou a pensar em Catarina… mas Laura continuava a exercer sobre ele uma estranha e indominável atracção. Deu alguns passos em frente, hesitante, mas acabou por se sentar junto de Laura. Estava um pouco constrangido, até então nada tinha dito…
Enquanto isto, Paula fumava um cigarro à porta, observando a cena e sorrindo com ar de gozo. Bruno respirou fundo e disse a custo:
                - Se querias encontrar-te comigo bastava telefonares… não era preciso isto…
Laura deu uma sonora gargalhada e disse:
                - Eu!? Encontrar-me contigo! Oh Bruno continuas a ser muito naif…

 
E as votações começam....Agora!!
 
 
 
 

 

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22
Mar08

Hoje apetece-me

por Gaja

Eu hoje estou num daqueles dias em que só me apetece ganir e partir coisas.

 

Nada de muito grave. Apenas me apetece.

 

Solução para o problema: Enfiar-me numa banheira tão cheia, mas tão cheia de água que ao mínimo contacto de apenas um dedo, entorne imediatamente um ou dois litros para fora.

Não que seja muito dada a estas intimidades com banheiras pois é um daqueles objectos aos quais não se podem dar grandes confianças.

Uma banheira cheia de água quente faz-nos perder imenso tempo. Na maioria das vezes parece ter um efeito regressivo, com aquela sensação de conforto que provavelmente só o ventre materno oferece. Sair de um estado destes, é díficil, é coisinha para demorar uma hora ou mais.

Uma banheira cheia de água quente com sais aromáticos e coisas que tais é o descalabro. O conforto quando cheira bem, atrasa a vida a qualquer um.

Uma banheira cheia de água quente poderá igualmente fazer-nos perder a noção do rídiculo se tivermos um patinho de borracha por perto.

 

Mas caramba!

Hoje apetece-me!

 

 

 

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