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Todos os dias sofro. Sempre mais um pouco. A idade vai trazendo agravantes a esse sentimento. Sofro por me sentir discriminada e incompreendida. E por não conseguir fazer nada para o evitar. Sofro com os olhares que me lançam e as agressões verbais. Sofro todos os dias. Sofro.
Mas hoje sofri menos. Conheci alguém como eu, ou melhor, que já conhecia. E se nunca abordámos o assunto foi talvez por ser demasiado penoso e embaraçoso.
Ela chega sempre atrasada ao trabalho.
Eu também.
Ela chega sempre atrasada a todo o lado.
Eu também.
Ela diz que é genético.
A mim dá-me jeito dizer o mesmo.
Já estou fartinha de dizer: "Vá lá, não fiquem assim. Eu posso chegar tarde. Mas eu venho! Não sou como uns e outros que não aparecem só por causa de uma úlcera de estômago, um infarto do miocárdio ou uma bronquiolite. Fraquinhos é o que é. Então? Vendo por esse prisma não é tão bom poderem sempre contar comigo? Mais tarde. Mas podem. Hum?"
No final da nossa conversa, entre mim e a minha colega de trabalho, despedimo-nos com um até amanhã acompanhado de: " Aqui no mesmo sítio à hora do costume? Sim, claro! Depois das 8h!"
De notar que somos as duas únicas num universo de vinte e tal pessoas, que moram mais perto do local de trabalho e que nem utilizam transportes públicos para lá chegar...