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Camaradas, a malta anda cada vez mais apressada, sem tempo para nada e com pouca paciência. Hoje em dia a malta já lê os blogues assim meio de esguelha, então se forem posts de metro e meio exclamam " péra aí que já te atendo" e comentar então, está de gesso.
Isto tudo para vos perguntar o seguinte: mas quando é que vocês colocam o sacana do botão do "Gosto" ??? Hum? Já sei, já sei, que blogues são blogues e FB é FB. Mas pá! Até o You dos tubos já tem essa funcionalidade!
Ai e tal e os direitos de autor e tecatecateca. Mas façam de outra forma, sei lá, tipo, " Curti este post à brava" ou " Estava capaz de pregar um estalo ao gajo(a) que escreveu isto".
Estão a ver a cena? Os degraus que vocês irão subir na consideração do pessoal? Tipo, escadaria do Bom Jesus de Braga?
De nada, ora essa.
Disponham
Eu gosto muito do meu trabalho. Mesmo. Apesar de não ter horários fixos, de ter algumas vezes de trabalhar fins-de-semana, de não ter ordenado certo, férias, subsídios etc. Mas gosto. Essencialmente porque juntei numa profissão quase tudo aquilo que me dá prazer. Crianças, cozinhar, fotografar, imaginar, ser criativa, fazem parte do meu dia-a-dia e eu gosto cada vez mais dos meus dias por tudo isso.
A todas estas vantagens não poderei deixar de fora aquilo que tem sido uma completa surpresa para mim ao longo deste tempo. As pessoas.
Não me lembro de ter tido más experiências e se tive foram tão poucas que não chegam para a estatística. Tenho conhecido pessoas fantásticas, histórias bonitas, ternurentas, cada qual com os seus gostos ou preferências. Nunca ninguém ficou a dever-me um cêntimo nem eu desconfio de ninguém pedindo para sinalizar seja o que for. Talvez a frase " what goes around comes around" faça mesmo todo o sentido.
Fico mesmo feliz quando ao longo do ano já vou "participando" nas festas lá de casa. Pois que agora vai ser o baptizado dos meninos...depois vem os anos do mais velho, depois é a surpresa que se quer preparar à avó e por aí fora....
Depois vem o feedback "Todos adoraram! Até à próxima"....e eu,mesmo que às vezes apresente umas olheiras até ao chão, fico cheia de orgulho e dou como cumprido o objectivo.
Pessoas. Boas. Mesmo que digam que já não existem eu continuo a acreditar que sim.
Como a Rita que veio buscar uma encomenda e trouxe-me um saco CHEIO de fraldas e roupas super giras que já não serviam ao seu filho para dar ao Dinis. Uma pessoa que me conhece há poucos meses e que nos encostamos numa mesa a tagarelar como se não houvesse amanhã. E eu fico assim...meio sem jeito mas profundamente agradecida.
Pessoas. Boas. Existem sim! :)
Apanhei o primeiro susto com o sr Dinis. Foi só virar costas e quando olhei tinha a argola da chucha enfiada dentro da boca, na vertical. Ele com a boca toda aberta aflito e eu ainda mais quando lhe tirei aquilo pensando que se tinha magoado.
Não se magoou.
Ficou o susto.
Acabou-se o sossego do berço!....
Jovens, acho que já vos posso tratar assim visto já ter chegado aos 35 com um cabelo branco ou outro a querer despontar, ia eu a escrever...jovens, ninguém vos irá levar a sério nessa revolta enquanto os festivais de Verão estiverem completamente esgotados, ninguém vos irá ligar nenhuma enquanto forem jantar sushi e levarem a vida no Starbucks, que em cima das mesas do Starbucks estejam iPhones, iPads e gadjets de toda a ordem. Cairão em saco roto os vossos protestos pela falta de trabalho quando quase só se vêem brasileiros a trabalhar no comércio e emigrantes de leste na apanha da fruta. Deixei de vos levar a sério quando vos vi a aplaudir de pé uma música parva que goza com toda esta situação. Ninguém irá dar relevância aos vossos queixumes, que não saem da casa dos paizinhos porque ainda não arranjaram emprego na área do curso absoleto que tiraram, porque no fundo o que quase nenhum de vós terá são "tomates" para irem viver numa casa, nem que seja alugada, apenas com um colchão no chão e um fogão de campismo na cozinha. Não. A casa terá de ser mobilada, com aquecimento central, banda larga, tv cabo, vidros duplos e roupeiros para albergarem as Mangos, LV e Zaras desta vida.
Esta que vos fala, a da geração rasca, não teve nenhum desses problemas. Quando acabei o secundário não havia dinheiro para cursos por isso foi muito simples: fui trabalhar. O meu primeiro telemóvel tive-o com 19/20 anos, já nem me lembro, com o dinheiro do meu ordenado. Saí da casa da minha mãe aos 25/26 anos e já achei muito tarde.
Esta coisa das gerações faz-me lembrar as histórias que o meu pai conta, de quando era novo e passavam fome lá em casa. F-O-M-E. De que uma vez tinha conseguido arranjar uns ovos e foi a correr para casa fechar-se na cozinha com o irmão mais velho para os cozinharem. A irmã mais nova batia na porta com toda a força para a deixarem entrar e ele disse-lhe: " Tu não comes que estás muito gorda!"
Esta coisa da fome deve ser fodida. Deve ser de uma pessoa ficar mesmo à rasca.