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Por vezes vou lendo ou ouvindo pessoas por aí a questionarem-se : "será que devo ter filhos, será que a minha vida vai mudar muito? será que estou preparada(o)?" E a minha resposta a questões do tipo e por ordem de chegada é: só tu é que deverás saber, vai mudar muito, não, não estás preparada(o).
Na primeira semana após ter o meu filho em casa pensei para mim: ah...espera....isto agora vai ser sempre assim, certo? Tipo, isto não é uma experiência "a vida é bela" com prazo de validade....ah....pois....
Na verdade, e após 1 ano de experiência desta coisa fantástica que é a maternidade aquilo de que mais sinto falta é da minha liberdade. Aquela liberdade egoísta sabem, aquela que nos permite fazer aquilo que nos apetece, às horas que bem entendemos. Tenho saudades de num fim de tarde decidir ir sair com o meu rapaz, sem hora para voltar, de ver um filme do princípio ao fim, de pouco me preocupar com sopinhas e papinhas e frutinhas.
Aquilo que sempre vos disseram, pessoas que não têm filhos, de que não é fácil, sugiro-vos um exercício: ampliem essa frase na vossa cabeça ao máximo e talvez consigam entender melhor do que vos falam. Comigo foi assim, sempre me disseram isso, mas é certo que também não é fácil um primeiro dia num emprego, arrancar um dente, fazer um exame na escola, sendo assim era essa a interpretação que eu fazia dessa frase. Não ia ser fácil. Ok.
Nesta fase do texto, parece-me bem e cliché quanto baste, falar-vos das compensações. Essas de que tantos falam. De como é bom ver um sorriso dos filhos, um abraço deles, de vê-los bem e felizes. Do amor sem tamanho que se sente por estes seres pequeninos...etc...etc...etc...
Mas depois acontece algo como o que acabou de acontecer neste exacto momento em que escrevo isto....o pequenino mandou (mais uma vez) a chucha para o chão, fora as outras 78 vezes que o fez ao longo deste dia. Fora as outras coisas que atirou para o chão, fora as birrinhas que vai fazendo, fora a diarreia de ontem em que tivemos de o limpar de alto a baixo (sim...as previsões das viroses e o caneco que iria apanhar na creche deram certo, obrigada), fora a dificuldade que tem em adormecer, fora as noites mal dormidas...fora...fora...fora....
E atenção que estamos a falar de uma criança que de um modo geral nem dá muito trabalho, aguenta-se perfeitamente a brincar sozinho durante algum tempo e não chateia ninguém. Isto porque ouço histórias de algumas que são de puxar os cabelos!
Há algum tempo em conversa com uma amiga acerca deste assunto, em que ela contava o desespero de um casal amigo com um recém nascido, dizia-me ela: "Mas eles achavam o quê? Que iam ter um boneco?" Pergunta que também a mim já me fizeram (e o que eu gosto que me digam isto nem vos passa).
Ninguém pensa que vai ter um boneco, óbvio, ninguém é burro ao ponto de achar que não vai dar trabalho, o problema é que só conseguimos ter uma noção clara da realidade depois de vivermos a experiência. Ponto. E é natural que, principalmente nos primeiros meses, os pais fiquem à beira de um colapso de nervos, é normal, de repente notam que a vida mudou, deu uma volta completa.
Ser mãe é uma coisa fantástica. Juro! Assim como acredito que seja para o pai. Voltando aos clichés concordo plenamente quando se diz que não existe sentimento igual. Mas aqui é um pouco como no jogo, pagar para ver, e vocês, pessoas sem filhos, por muito que leiam e escutem a vossa experiência será única e irrepetível. Vossa! Já imaginaram a magia disto? ;)