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08
Mai13

Notei que ao escrever aqui algumas vezes sobre como é ter um filho, algumas pessoas enviaram comentários bastante diversos. A algumas parece que incentivei a tê-los, a outras nem por isso.

Apetece-me voltar a este assunto, mesmo desde o início, na gravidez, onde todo o processo começa.

Existem opiniões divergentes: onde fazer as consultas de acompanhamento? No particular ou no público? Fazer cursos de preparação para o parto? Sim ou não?
Começa logo aqui. É incrível a capacidade de todas as pessoas que estão à volta de uma grávida, de começar desde cedo a baralhá-la. "Ai e tal eu cá fui acompanhada no público e fui muito bem atendida, para quê essa cagança de ir ao privado?"
No meu caso, fui acompanhada no privado. Tinha dinheiro para isso, fui. Se não tivesse, tinha mais era de ir ao público (e acredito que seria bem acompanhada na mesma, assim como o fui na hora do parto). Mas apeteceu-me. Podia. Queria. Sentia-me mais segura.
Nas ecografias a mesma coisa. Privado. Certa vez, na sala de espera, ouvi uma senhora com uns 80 anos a dizer qualquer coisa como "ai....no meu tempo não havia nada disto, só sabiamos como eles eram quando nasciam". Pois querida senhora, mas a mim apetecia-me vê-lo um bocadinho mais cedo. Ser atendida por uma especialista super querida que me tirou um peso dos ombros a dada altura (por causa de um erro de outra "especialista"). Em consultas que custavam os olhos e o cu, sim. Mas podia.

Depois seguem-se os cursos. Fazê-los ou não? Eu não fiz. Não me apeteceu. Em certas coisas gosto de utilizar uma das minhas frases favoritas "depois logo se vê". Acreditei que não me iria servir de muito. Que na hora do parto iria esquecer-me de tudo porque me conheço demasiado bem. Porque acho que cada parto é único, assim como cada pessoa e que na hora, as reacções podem ser muito diversas.
Mas há quem ache que os deva fazer, porque se sentem melhor. Porque a mãe e o pai se sentem mais seguros e quanto a isso não pode haver argumentos. Ponto.

O bebé nasce. A alegria. O pânico.
Começa uma nova etapa. A dos bitaites. Bitaites para aqui, bitaites para acolá.
Quando ainda estava grávida alguém me disse o seguinte (sim, Isa, foste tu): "Por muito que te digam que o teu filho tem isto ou aquilo, ou que precisa disto ou daquilo, só TU irás saber o que é. Só TU como mãe e mais ninguém"
Foi frase que me esqueci nos primeiros tempos e que voltou à minha memória certo dia como uma martelada em força na minha cabeça.
Como já aqui escrevi uma vez, sentia que o meu filho tinha fome, que não estava bem, sossegado e tranquilo. E toda a gente a insistir com o peito, que o peito é que é bom e insiste insiste. Mama, mama, mama, já não podia ouvir falar em mamas! E peito. E leite materno.
E a dada altura, idem todos cagar à mata que o meu filho tem é fome e vai de dar suplemento. E vai de engordar e dormir tranquilo. E eu também. Finalmente.

 

Leite materno. Terei fracassado nesta parte? Terei falhado como mãe? Não.
Nos últimos anos bombardeiam as mães com a questão da amamentação. Com um fundamentalismo que não me agrada de todo. Ouço, leio, mães que amamentam os filhos com um tom de superioridade, como se isso as colocasse num patamar acima das outras. E isso, que me perdoem, mas não entendo.
Compreendo perfeitamente uma mãe, que depois de dar à luz, se recuse a amamentar o filho. Porque não está para isso, por uma série de razões que são lá dela. Dela e ninguém tem nada a ver com isso.
Assim como compreendo igualmente uma mãe que ainda ande com o peito pendurado para dar de mamar ao filho de 4 anos. Agora, isto faz dela melhor mãe que as outras? Faz concerteza, mas para o seu próprio filho.

 

Não podemos definitivamente esquecer-nos de que cada caso é único. E parar de uma vez por todas de criticar e julgar escolhas que a dada altura foram diferentes das nossas.
Será esse o caminho.

 



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