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Muito se tem falado nos últimos dias acerca da adopção por casais homossexuais. Eis senão quando me deparo com um post (isto para quem o quiser ler na íntegra) de uma jornalista do Diário Económico de seu nome Maria Teixeira Alves.
Deixo apenas algumas pérolas:
Quero também dizer que quando as pessoas dão crianças a homossexuais, estão a dar-lhe dois pais ou duas mães e não estão a pensar nas crianças abandonadas, que têm o direito de ter uns pais substitutos o mais semelhante possível com a família biológica.
E quando me vêm com aquele argumento falso de que é melhor as crianças serem adoptadas por homossexuais do que estar em instituições eu pergunto. Porquê? Porquê é que a instituição é o pior que pode acontecer à criança? São maltratados lá? As instituições maltratam as crianças? Não cuidam delas? É diferente de uma família normal? É. Mas também os pais homossexuais são diferentes de uma família normal.
Pelo menos nas instituições não correm o risco de chegarem a adolescência e serem seduzidos pelos pais.
(Nesta frase confesso que me perdi e tive de reler umas 3 vezes para ver se aquilo estava mesmo escrito)
Portanto, cara Maria Teixeira Alves, acho que precisamos de esclarecer alguns pontos de vista.
Em primeiro lugar sugiro um exercício, o de estabelecer o conceito de família normal. Sim, vamos a isso, o que será uma família normal?
Vamos levar isto ao extremo da perfeição, boa? O de visualizar um pai com 1,80m, gestor de uma empresa de sucesso, um tipo porreiro que vai jogar ténis aos fins de semana e no final da tarde ainda tem tempo de levar os putos ao cinema. A mãe, uma estampa. Um caso de sucesso no mundo da decoração. Tão perfeita que chega a meter nojo. Sempre cheirosa na hora de deitar os seus meninos nos seus berços de 1300€ (fora os 200€ gastos em tecidos estampados)
Será isto? Secalhar é.
Vamos então negar a adopção por parte de casais gordos. Boa? Que chatice...duas baleias a irem buscar os miúdos à creche. Até parece mal, ocupariam logo na totalidade o hall de entrada impedindo as "famílias normais" de caberem no mesmo.
Vamos seguir esta ordem de ideias e impedir um preto de adoptar uma menina loira. Que horror!! A menina iria ser gozada toda a vida!!
E um paraplégico? Nem pensar! Depois não poderia correr com os filhos!E uma mulher a dias? Credo! E depois na hora de dizer a profissão da mãe na sala de aula, onde todos iriam ouvir!
Continuamos? Tenho mais exemplos. Não tenho é o dia todo.
Perguntei-me ao ler o seu post, que tipo de pais você teria. Que tipo de valores lhe transmitiram (alguns estão à vista). Que tipo de amor recebeu, Maria? Recebeu? Que tipo de família seria a sua. Normal?
Perguntei-me igualmente se teria filhos, Maria. Tem? Eu tenho, um.
Comecei a imaginar um cenário, que nestas coisas é sempre bom enfiar a cabeça na gola da camisola, da nossa, e olhar bem cá para dentro, dizia eu, imaginei um cenário, o do meu desaparecimento, o do meu marido, o da família mais próxima. Todos!
E vi o meu filho sozinho. Posso jurar que visualizei um deserto....só areia, tons amarelados, algum vento. E ele ali no meio. Sozinho.
No meu imaginário tinha duas opções: o de o ver partir em direcção a uma instituição de acolhimento ou em direcção de um casal homossexual. Não demorei muito a decidir e deixei a instituição de parte. Isto porque as instituições,em parte, fazem-me sempre lembrar as creches, onde é sempre muito giro estar lá umas horas mas não há nada que pague os olhos de alegria de uma criança ao ver quem a vai buscar ao fim da tarde.
Talvez seja isso que lhe faça falta, Maria Teixeira Alves. Ver, mas ver bem, os olhos de uma criança.