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Estava escuro e ao fundo ouviam-se vozes. Encontrei a tua no meio de tantas e espreitei para ter a certeza.
Deixei-me estar...
Só a olhar para ti sem me poderes ver. Queria saber como te movias, os teus tiques, o teu gesticular, o teu sorriso e as tuas gargalhadas. Sem me poderes ver.
Deixei-me estar...
Ficaste calado. Fiquei a admirar os teus olhos postos num qualquer papel, absorto num qualquer pensamento. Talvez nas letras que estavam na tua frente, talvez noutra coisa...
Ouviu-se o arrastar lento de cadeiras. Pessoas começaram a sair. Passaram por mim enquanto me encolhia. Mas ninguém me perguntou nada. Era como se já soubessem.
Deixei-me estar...
Continuavas no mesmo sítio. Já não olhavas para o papel. Tinhas as mãos no queixo e os olhos postos num sítio longínquo onde guardavas os teus sonhos.
Entrei.
Ouviste os meus passos e olhaste para mim. Fiz-te o mesmo.
Continuei a caminhar, passei por ti e dirigi-me para perto do palco. Não se ouviu uma palavra na peça dessa noite. Não era preciso.
Senti apenas os teus braços a envolver-me, num segredo há muito esperado.
Deixei-me estar...
Agora contigo...e sempre...
(não....não ando a fumar coisas estranhas....continua a ser tabaco)